Leitora preocupada com o crescimento desenfreado

"Tenho recebido tua coluna e quero parabenizar tua luta por Gramado. Sou pertencente à familia Accorsi – introdutor do artesanato de vime em Gramado – e fico triste em ver certas coisas que acontecem nesta cidade que amo como se lá fosse nascida. Nasci em Porto Alegre, porém, sempre convivi com meus primos e avós estreitamente. Hoje, construi uma casa no condomínio Villagio e é lá que me refugio sempre que posso. As mudanças foram tantas, que não tenho mais prazer em andar pelas ruas, pois saímos da Capital para respirar um ar mais puro e ter paz de espírito, e nos defrontamos com problemas idênticos aos que vivemos no dia a dia: dificuldade de estacionar o carro, trânsito congestionado (sobretudo durante o Natal Luz), lixo pelas ruas, e o apelo exagerado ao consumismo explorativo, pois os preços vigentes nos restaurantes e lojas são proibitivos.
Tudo bem que temos que nos modernizar, mas até que ponto isto acarreta um descontentamento das pessoas que querem realmente usufruir da natureza prodigiosa de Gramado, que está sendo esquecida e aniquilada com a infinidade de empreendimentros imobiliários? Projetos que, a passos largos, estão descaracterizando a bela cidade. Será que os empreendedores não notaram que estão matando a galinha dos ovos de ouro?
Tenho ouvido que Gramado é o lugar para se ver e deixar. Bonito, aliás, lindamente enfeitado para encher os olhos, mas e o coração, como fica?" (Nara Accorsi Trindade)